Histórico da Conferência Mundial sobre o Acesso Aberto Diamante
O compartilhamento do conhecimento é um direito humano, e todos, onde quer que estejam, deveriam poder acessá-lo, contribuir para ele e se beneficiar dele. O conceito de acesso aberto baseia-se no princípio de que o conteúdo científico e acadêmico deve ser acessível a todos, pois o conhecimento em si é um bem público. As novas e emergentes tecnologias permitem concretizar essa visão, mas para que ela seja plenamente realizada, precisamos de um entendimento comum do que significa exatamente tratar o conhecimento como um bem público.
O acesso aberto diamante é um conceito que surgiu no âmbito do movimento mais amplo do acesso aberto e que ganhou importância na década de 1990, em resposta às preocupações geradas pela barreira financeira das taxas de processamento de artigos. Seu surgimento reflete um reconhecimento crescente da necessidade de um modelo de publicação em que os autores e leitores não incorrem em custos, o que, em última análise, favorece uma maior disseminação e acessibilidade da literatura científica. Este modelo está em expansão, com a América Latina alcançando quase 100% de sucesso. Esse crescimento é consolidado por uma série de conferências.
Pela primeira vez, a comunidade global foi convidada a trocar ideias e coordenar ações em prol do Acesso Aberto Diamante para um melhor apoio à equidade nas práticas de comunicação acadêmica. A Conferência foi organizada conjuntamente por Redalyc, a Universidade Autônoma do Estado do México (UAEMex), AmeliCA, UNESCO, CLACSO e o Plano de Ação para o Acesso Aberto Diamante.
Sendo a América Latina o campeão do acesso aberto diamante em todo o mundo, a Conferência Mundial sobre o Acesso Aberto Diamante foi acolhida pela Redalyc UAEMex na cidade de Toluca, no México, durante a semana internacional do Acesso Aberto, de 23 a 27 de outubro de 2023. Ela combinou três eventos: a IV Conferência Internacional de Editores de Revistas da Redalyc, que também celebrou o 20º aniversário da Redalyc, a II Reunião dos membros da AmeliCA e o segmento da Conferência sobre o Acesso Aberto Diamante.
O objetivo da Conferência Mundial sobre o Acesso Aberto Diamante foi reunir a comunidade de acesso aberto diamante em um diálogo entre editores de revistas, organizações, especialistas e partes interessadas do Sul e do Norte, com vistas à implementação de uma ação coletiva no espírito das recomendações da UNESCO e da BOAI sobre ciência aberta, sob os pilares da equidade, sustentabilidade, qualidade e facilidade de uso.
Unir forças, compartilhar infraestruturas, aumentar capacidades, encontrar-se, reconhecer uns aos outros e entender que o acesso aberto é um meio para um fim, essas são as motivações que guiaram o chamado para uma cúpula mundial sobre o acesso aberto diamante.
A Conferência Mundial sobre o Acesso Aberto Diamante de Toluca, no México (25-26 de outubro de 2023), elaborada em colaboração com um consórcio de 10 parceiros, abordou questões de governança, infraestruturas, elaboração de políticas e a necessária evolução dos sistemas de avaliação da pesquisa para reconhecer a qualidade das publicações de acesso aberto diamante. O acordo sobre a criação de uma aliança mundial para o acesso aberto diamante foi consolidado durante a cúpula de Toluca, como demonstram as conclusões. A aliança mundial está agora em andamento em colaboração com a UNESCO.
Seiscentos e oitenta e oito participantes de 75 países e 457 instituições participaram do evento, 260 presencialmente e 422 online. Os resultados do evento são refletidos nas conclusões da cúpula mundial e no caminho a seguir, assim como no manifesto sobre a ciência como um bem público global: O acesso aberto não comercial, e nas Memórias do Cumbre, além da proposta de uma Aliança Mundial para o Acesso Aberto Diamante, atualmente em desenvolvimento em colaboração com a UNESCO.
A segunda edição da Conferência será realizada na Cidade do Cabo e dará continuidade ao discurso de Toluca, com foco na justiça social.
Objetivo
O objetivo da Conferência Mundial sobre o Acesso Aberto Diamante é reunir a comunidade de acesso aberto diamante e as comunidades potenciais em um diálogo entre editores de revistas, organizações, especialistas e partes interessadas de todo o mundo.
O resultado esperado desse diálogo é a consolidação e o crescimento do acesso aberto diamante como um caminho para uma participação inclusiva e equitativa no ecossistema da publicação acadêmica. A ideia central é que a descoberta e a acessibilidade do conteúdo científico são essenciais para o desenvolvimento da pesquisa, com o efeito dominó de tornar essa pesquisa acessível a TODOS, alinhando-se, assim, aos princípios do interesse público.
Logotipo
Simbolismo do Baobá
O majestoso baobá é um ícone do continente africano que simboliza a vida e a positividade em uma paisagem onde poucas outras coisas podem prosperar. Ele representa a resiliência e a vida, profundamente enraizadas na cultura e nos ecossistemas africanos. Sua engenhosidade e generosidade diante dos desafios da vida lhe renderam o título de “árvore da vida”. O baobá é uma metáfora da resiliência dos indivíduos e das comunidades diante da adversidade.
Acredita-se que reis e anciãos se reuniam sob o baobá, convencidos de que os espíritos da árvore os guiariam em suas decisões. Ao se alimentar do movimento de acesso aberto, o baobá pode agora servir como um ponto de encontro da academia para o acesso e a disseminação do conhecimento africano.
O baobá é encontrado em regiões secas e áridas. No entanto, os cantos e recantos da árvore tornaram-se pequenos poços úteis que armazenam água, essencial para os animais e pessoas que param para beber e desfrutar da sombra da árvore. As pequenas bolsas de conhecimento que se abrem ao mundo servem para dinamizar o crescimento da erudição africana.
O baobá no logotipo repousa sobre o símbolo do movimento de acesso aberto. Esse ancoramento serve como um estímulo para a aceleração da produção de pesquisa africana. Os nutrientes extraídos do solo ao redor do símbolo devem se reunir para contribuir para o processo de estímulo.
O logotipo representa a união do baobá e do acesso aberto como um símbolo de resiliência, comunidade e interconexão de todas as formas de vida, refletindo os valores de inclusão, empoderamento e justiça social. Na base, está a busca pelo conhecimento para a melhoria da sociedade.
Eventos
- Conferência do Departamento de Gestão do Conhecimento e da Informação sobre a promoção da justiça social através da reorganização curricular
- Ciência Aberta no Sul 2024
- Conferência sobre Acesso Aberto Diamante
A segunda Conferência Mundial sobre o Acesso Aberto Diamante reúne três eventos distintos com objetivos e metas comuns (ou seja, desenvolver a capacidade de promover um paradigma de acesso aberto inclusivo e equitativo) que convergem para criar um fórum dinâmico para um engajamento sólido.
Este fórum deve resultar em um movimento de acesso aberto inclusivo e equitativo que consolide redes e compromissos sul-sul e preencha a lacuna norte-sul.
Declaração Toluca-Cidade do Cabo:
Os diálogos mencionados resultarão em uma Declaração Toluca-Cidade do Cabo, que enfatizará a justiça social no movimento para o acesso aberto diamante. Além disso, está prevista a criação de um roteiro que conecte as boas práticas ao redor do mundo, evitando assim a reinvenção constante da roda na busca por soluções para os problemas.
Metas
O objetivo principal da Conferência é destacar a justiça social dentro de um movimento de acesso aberto diamante inclusivo e equitativo.
Há três outros objetivos complementares:
- Desenvolver o modelo de acesso aberto diamante, especialmente entre as comunidades de pesquisa marginalizadas;
- Promover um movimento de acesso aberto mais inclusivo e equitativo; e
- Fortalecer as capacidades ao centralizar a comunicação científica nos programas de ensino de biblioteconomia e ciências da informação.
Objetivos
O objetivo principal da Conferência é oferecer um fórum de engajamento sobre a justiça social, que é o motor do acesso aberto diamante. Este fórum busca mobilizar a comunidade internacional para acelerar a disseminação dos trabalhos científicos, eliminando preconceitos e enfrentando os desafios financeiros.
Os objetivos complementares da Conferência são os seguintes:
- Para evoluir o modelo e desenvolver um senso de independência, é essencial criar um fórum para o desenvolvimento de capacidades, que deve incluir oficinas sobre propriedade intelectual, oficinas editoriais e oficinas sobre gestão de revistas e monografias;
- Para formar a próxima geração de liderança na área de comunicação acadêmica e científica, é importante que este fórum assegure que as escolas de ciências da informação e da comunicação integrem a comunicação acadêmica e científica em seus currículos;
- Dado o surgimento de bolsões de excelência ao redor do mundo, este fórum seria apropriado para desenvolver comunidades de prática que possam aproveitar esses bolsões de excelência para o crescimento e desenvolvimento contínuos do acesso aberto diamante;
- É necessário que o fórum desenvolva uma estrutura ampla de acesso aberto diamante, que seja flexível para adoção e adaptação em diferentes regiões, de acordo com o contexto e as necessidades locais;
- Acelerar o engajamento na avaliação de pesquisa e na garantia de qualidade para a sustentabilidade do modelo; e,
- Debater, conceituar e redigir uma declaração para implementação internacional, com o objetivo de criar um ecossistema de publicação que seja inclusivo e livre de preconceitos, sejam eles financeiros ou de outra natureza.
Resultados
O principal resultado esperado da Conferência é o fortalecimento dos redes e da colaboração, assim como o desenvolvimento da capacidade para acelerar a participação dos países do Sul no ecossistema de publicação.
Os resultados secundários incluem:
- Aumentar a visibilidade dos trabalhos acadêmicos dos países do Sul e das comunidades de pesquisa anteriormente marginalizadas;
- Tornar a pesquisa global mais acessível, a fim de acelerar o crescimento da pesquisa proveniente dessas comunidades;
- Reduzir a pesquisa “helicóptero” desenvolvendo fóruns para a divulgação da pesquisa das comunidades do Sul e das comunidades anteriormente marginalizadas; e,
- Eliminar ou reduzir os preconceitos conscientes e inconscientes que prevalecem (e frequentemente dominam) no ecossistema atual de publicação.